quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Excerto " A casa das sensações", Sensacionismo por Paula Cristina Costa in Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, Caminho

"O sensacionismo foi o último ismo criado por Pessoa, na cumplicidade, uma vez mais, do seu compagnon de route, Sá-Carneiro, à semelhança do que aconteceu com outros ismos anteriores, tais como o Paulismo e o Interseccionismo. Pela sua teorização e prática deixou-se Pessoa entusiasmar bastante, já que ele lhe pareceu ser uma hipótese feliz de conciliação de contrários, ajudando-o a construir uma corrente literária (…) acolhedora dos ismos de vanguarda. Tendo como princípio fundamental, sentir tudo de todas as maneiras e ser tudo e ser todos, o sensacionismo foi para Pessoa a arte da soma-síntese, como lhe chamou, um todo no qual as partes, mesmo as mais díspares, se harmonizavam, como se de um atanor[i] alquímico se tratasse.

(…)

Vibrou-o de modo mais efusivo e quase espasmódico, através de Álvaro de Campos, sobretudo do Campos-poeta futurista que assina as odes Triunfal e Marítima e que grita esse vórtice das sensações, essa harmonia alquímica dos contrários, onde o homem e a máquina, Deus e o Diabo, concreto e abstracto, aqui e além, presente e passado, são um só e mesmo modo de sentir a sensações em absoluto. Viveu-o não menos intensamente, mas de modo muito mais tranquilo, através de Alberto Caeiro, o sensacionista puro e absoluto, como foi chamado, o mestre, afinal, no seu entusiasmo quanto a não pensar, a sentir apenas as coisas tais como elas são, a saber olhá-las na plenitude da sua pureza. Não quis deixar de disciplinar as suas sensações, logo também o seu sensacionismo, agora pela voz mais dominante e contida de Ricardo Reis, o poeta da formação clássica que ao demonstrar um excelente domínio das suas sensações, foi também um pilar fundamental deste movimento."
[i] Vaso antigo

Caros alunos
comentem este excerto à luz da poética de Fernando Pessoa e tendo em conta os movimentos literários associados que aprenderam nas aulas.

8 comentários:

  1. Fernando Pessoa através de Alberto Caeiro é considerado um sensacionista pois a ele só lhe interessa o que capta através das sensações, para ele os sentidos tem extrema importância principalmente a visão por isso afirma "As coisas não têm significado: têm existência", "Cada coisa è o que é". Caeiro afirma também que "O essencial é ver".
    Como é referido no excerto todos os heterónimos usam o sensacionismo, cada um da sua forma é certo mas o que importava era "sentir tudo de todas as maneiras e ser tudo e ser todos".
    O movimento sensacionista teve importante relevância e foi muito importante para Pessoa pois era a arte da soma-síntese, como ele designou.

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  2. Fernando Pessoa afiromou, na carta a Casais Monteiro, que Alberto Caeiro era o seu mestre e o mestre de todos os seus heteróninmos. Isto deve-se ao facto de Caeiro, apenas usar os seus sentidos para interpretar e viver a vida, rejeitando a dor de pensar.
    O sensacionismo de Caeiro tem maior destaque em " O Guardador de Rebanhos" uma vez que o sujeito poético tem uma atitude deambulatória e apenas se preocupa em ver o que o rodeia de forma objectiva e clara.

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  3. Através dos seus heterónimos, Fernando Pessoa adopta, como referido, o sensacionismo. Neste movimento literário, tudo o que importa é a sensação pura, sem necessidade de ser interpretada, tal como explícito nos seguintes versos de Caeiro: "Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la. / Se eu pensasse nessas coisas, / Deixaria de ver as árvores e as plantas."
    Alberto Caeiro revela-se o sensacionista mais sereno, dando especial importância à visão e servindo-se deste sentido de forma a aprofundar a sua relação com a própria Natureza.

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  4. Um dos heterónimos mais acarinhados de Pessoa, Alberto Caeiro é o poeta da simplicidade completa e da clareza total, que representa a reconstrução integral do paganismo,descrevendo o mundo sem pensar nele. Privilegia os sentidos, principalmente a visão e a audição, porque são estes que lhe permitem uma percepção exacta das coisas que existem na natureza e que com ela e nele evoluem sem necessitarem de uma explicação metafisica:"Há metafisica bastante em não pensar em nada".

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  5. Fernando Pessoa é um poeta importante na história da língua portuguesa e que portanto é relembrado ao longo de várias gerações. Este criou a corrente literária do sensacionismo que através do "Mestre" dos seus heterónimos é interpretada de um modo intenso. Deste modo, Alberto Caeiro é considerado o poeta do real objectivo negando mesmo a utilidade do pensamento, é o poeta da natureza e do olhar eda objectividade das sensações comprovando-o assim com as seguintes citações: "pensar é não compreender" ; " pensar é estar doente dos olhos" ; " o único sentido oculto das coisas / É elas não terem sentido oculto nenhum". Caeiro consegue assim, libertar o seu criador da prisão da autoconsciência, da dor de pensar.

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  6. O sensacionismo, enquanto corrente modernista, procura exprimir o tropel das sensações, o qual se manifesta de forma bastante notória na poesia dos heterónimos pessoanos.
    Tomemos como exemplo o heterónimo Alberto Caeiro, o qual é definido como o “sensacionista puro e absoluto”. Este apresenta-se como o poeta das sensações estremes: “A sensação é tudo (…) e o pensamento é uma doença”; para este heterónimo sentir basta para ser feliz e por isso ele consiga absorver de forma natural todas as sensações que o rodeiam. É sobretudo as sensações visuais que predominam na sua poesia, uma vez que Caeiro sabe olhar as coisas “na plenitude da sua pureza”.
    É ainda de salientar o que a autora do texto afirma: “o sensacionismo terá ajudado Pessoa a arrumar a casa das sensações”, uma vez que este ismo terá de facto proporcionado a Pessoa “sentir tudo de todas as maneiras e ser tudo e ser todos”, já que este defende que “a única realidade da vida é a sensação, a única realidade em arte é a consciência da sensação”.

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  7. Pessoa, o criador do sensacionismo, o último ismo criado por si criado. Como habitual Pessoa “deixa” que os seus heterónimos, como Alberto Caeiro, “o sensacionista puro e absoluto”,que é proveniente do campo e com poucas habilitações literárias que se deixava levar pelas emoções, pelas sensações através dos sentidos, apoderar-se desse ismo talvez porque Pessoa não o encontrasse em si mesmo mas sim nesse seu heterónimo.

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  8. Fernando Pessoa, um enormíssimo marco na história da Literatura Portuguesa, excelente escritor e por isso é lembrado de gerações em gerações. Pessoa cria o Sensacionismo através de um dos seus heterónimos, Alberto Caeiro, considerado o grande “Mestre”. No Sensacionismo o relevante é o acto de ver, o sentir das Natureza, no que podemos afirmar nos versos: "Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la. / Se eu pensasse nessas coisas, / Deixaria de ver as árvores e as plantas."

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