"Estou cansado, é claro, Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. De que estou cansado, não sei: De nada me serviria sabê-lo, Pois o cansaço fica na mesma. A ferida dói como dói E não em função da causa que a produziu. Sim, estou cansado, E um pouco sorridente De o cansaço ser só isto — Uma vontade de sono no corpo, Um desejo de não pensar na alma, E por cima de tudo uma transparência lúcida Do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de não ter já esperanças? Sou inteligente; eis tudo. Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa." |
A fase abúlica "[..]Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu./ Estou hoje dividido entre a lealdade que devo/ À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,/E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.[...]" Álvaro de Campos in "Tabacaria"
sábado, 20 de agosto de 2011
Poema "Estou Cansado"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário